quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Os 10 Melhores Filmes de 2023

 





        Com o tempo, este blog parece ter se tornado somente um registro anual das minhas listas de melhores filmes do circuito brasileiro, o que se pode comprovar pelo fato de que, em todo o ano de 2023, só fizemos essa postagem que vocês estão lendo agora. Não me incomodo muito: ando muito mais vendo filmes do que escrevendo sobre eles.
            Em 2020, 2021 e 2022, publiquei listas aqui sempre me baseando nos melhores filmes lançados nesses respectivos anos, sem ser necessário que tenham ou não aparecido nas telas brasileiras. O motivo foi a Pandemia, que acabou tornando impossível um circuito cinematográfico completo de fato durante esses três anos.
       Como essa realidade já não está presente em 2023, voltamos, então, ao padrão natural: 10 melhores filmes do circuito nacional, nada além do circuito nacional. Obviamente, alguns nomes se repetirão em relação à lista do ano passado, já que muitas estreias deste ano já eram visíveis em 2022. E isso gerou uma contradição engraçada: com o tempo, alguns filmes me pareceram melhores do que antes. Hoje, EO está na frente de The Fabelmans, para mim. Não era o caso do ranking do ano passado. Enfim, são filmes qualitativamente muito próximos...
            Curioso também é que meus filmes preferidos do ano venham de cineastas contra os quais tenho vários senões: Skolimowski e Petzold. Mas é aquilo: o que importa é ser justo com os filmes, os diretores que se virem!
                
            Vamos à lista:


    1. Roter Himmel, de Christian Petzold
    2. EO, de Jerzy Skolimovski
    3. Indiana Jones e o Chamado do Destino, de James Mangold
    4. Os Fabelmans, de Steven Spielberg
    5. Folhas de Outono, de Aki Kaurismäki
    6. Suzume, de Makoto Shinkai
    7. Maestro, de Bradley Cooper
    8. Capitu e o Capítulo, de Júlio Bressane
    9. A Menina Silenciosa, de Colm Bairéad
    10. John Wick 4: Baba Yaga, de Chad Stahelski

sábado, 31 de dezembro de 2022

Os 10 melhores de 2022

 



    Último dia do ano, último prazo para ver os lançamentos de 2022 e poder fazer algum ranking para os filmes novos. Alguns não estiveram disponíveis a tempo de serem vistos (os novos da Mazuy e da Rita Azevedo Gomes e o promissor novo filme de Emmanuel Mouret). Do que consegui dar uma olhada nesse ano, considerei obras televisivas e para cinema, episódicas ou não. Pelo menos dois filmes foram surprendentes pela qualidade: Top Gun: Maverick e The Fabelmans. O documentário de Herzog sobre os amantes vulcanólogos já era anunciado como um dos grandes momentos do ano e cumpriu seu papel: nada menos que grande. Espero que gostem da seleção. 


  1. The Fire Within: A Requiem for Katia and Maurice Kraft, de Werner Herzog
  2. Top Gun: Maverick, de Joseph Kosinski
  3. The Fabelmans, de Steven Spielberg 
  4. Don Juan, de Serge Bozon
  5. Les Passagers de la Nuit, de Mikhaël Haers 
  6. Esterno Notte, de Marco Bellocchio
  7. My Dress-Up Darling, de Keisuke Shinohara
  8. Padre Pio, de Abel Ferrara
  9. EO, de Jerzy Skolimowski
  10. For 13 Days, I Trust Him, de Kiyoshi Kurosawa

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Os Melhores de 2019



Eis a minha lista de melhores filmes do circuito nacional de 2019. Antes do Natal, porém, virá a lista que importa, dos 100 melhores filmes da década.

Por ora, duas considerações: levei em conta também as estreias exclusivamente disponíveis em plataformas de streaming; não pude ver o novo filme do Kurosawa, que acredito ter a possibilidade de mudar este ranqueamento. Sem mais delongas, os filmes:


1 - Vidro, de M. Night Shyamalan

2 - A Mula, de Clint Eastwood

3 - Lady J, de Emmanuel Mouret

4 - WiFi Ralph - Quebrando a Internet, de Rich Moore e Phil Johnston

5 - Rambo - Até o Fim, de Adrian Grunberg

6 - John Wick 3 - Parabellum, de Chad Stahelski

7 - Toy Story 4, de Josh Cooley

8 - Dumbo, de Tim Burton

9 - Um Dia de Chuva em Nova York, de Woody Allen

10 - O Irlandês, de Martin Scorsese



In Facebook, 03/12/2019.

domingo, 4 de dezembro de 2022

Os Melhores de 2016

 Impulsionado pelas listas de melhores filmes do ano, resolvi fazer a minha também. Abaixo seguem, nessa ordem, observações que tratam direta ou indiretamente da lista e, depois, a lista em si. Não se preocupem, que pior do que o top da Cahiers não está:


 - Não vi alguns filmes que queria ver, mas que não sei se fariam diferença (leia-se: Paul Vecchiali e Kurosawa).

- Não coloquei o Sully porque só considerei filmes que estrearam no Brasil em 2016.

- É impressionante que o Whit Stillman, sendo um cineasta que tem quase toda a sua carreira composta por grandes filmes, permaneça tão esquecido por quase todos.

- Alguns filmes não são, a rigor, filmes desse ano: ou estreias um tanto atrasadas ou o filme-testamento do Manoel de Oliveira, o que continua corroborando a hipótese de que este ano, na verdade, não foi tão bom quanto se esperava. 

- Aliás (sobre o comentário anterior), toda esta década não é tão boa quanto se esperava. Na verdade, é muito ruim.

- Por fim, algumas observações em relação a outros filmes que vi e que não figuraram na lista: o filme do Tim Burton é melhor do que eu esperava e, mesmo assim, não é bom; o tal Bom Gigante do Spielberg é pior do que eu imaginava; a Disney/Pixar, que estreou umas 3 animações este ano,  parece que só faz (e em larga escala) os mesmos filmes (grosso modo, faz filmes inúteis).


1 - Elle, de Paul Verhoeven

2 - Sangue do Meu Sangue, de Marco Bellocchio

3 - Amor e Amizade, de Whit Stillman

4 - Café Society, de Woody Allen

5 - Certo Agora, Errado Antes, de Hong Sang-soo

6 - Os Campos Voltarão, de Ermano Olmi

7 - Visita, ou Memórias e Confissões, de Manoel de Oliveira  

8 - À Sombra das Mulheres, de Philippe Garrel

9 - O Cavalo de Turim, de Béla Tarr

10 - A Assassina, de Hou Hsiao-Hsien



In Facebook, 04/12/2016

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Chor Yuen - OBITUÁRIO





Um dos meus sonhos de vida era conhecer Chor Yuen. Ter dinheiro para pegar um avião, ir até Hong Kong, me hospedar lá e ter a sorte de conseguir uma audiência com o diretor. Se conseguisse, iria perguntá-lo sobre a sua obscura carreira antes da Shaw Brothers, quando se especializou na rodagem de melodramas; sobre como começou no mundo das artes marciais; iria perguntá-lo por que diabos os seus filmes parecem sempre nebulosos, tanto no sentido figurado (porque são cheios de mistérios), quanto no sentido literal (porque a "neblina" é um motivo recorrente em suas imagens).

Este sonho muito improvável se tornou, hoje, impossível, porque, como noticiado em alguns escassos sites, Chor Yuen faleceu nesta segunda-feira.

Nos últimos anos, Yuen andava muito modificado. Os jornais chineses noticiaram que sofria de demência senil, pelo avançar da idade, mas depois desmentiram tal afirmação. O fato incontestável é que o transcorrer dos anos era substancial para a nova face pública do diretor: nas suas raras aparições em eventos, se notava uma barba comprida e branca. A cabeça quase não tinha cabelos. Sua feição era mais séria que o habitual de um homem que chegou a ser um reconhecido ator cômico. Tornara-se, enfim, a encarnação de um sábio chinês.

Até por isso, Chor representava muito mais do que sua carreira. Era um símbolo vivo da sua geração e do legado da Shaw Brothers. Uma espécie de personagem emigrado dos seus próprios filmes de kung fu, vindo a público para rememorar a todos as lições milenares que só aquele ancião era capaz de transmitir.

A ele restou a obrigação de repassar esta memória: nem Chang Cheh, nem King Hu, nem os irmão Shaw ou Mona Fong sobreviveram tanto para contar essas histórias. E o destino, curiosamente, entregou este fardo a quem pudesse carregá-lo: Chor Yuen, desde sua juventude, estava acostumado, com o sucesso estrondoso de seus filmes, a ser o maior embaixador da Shaw Brothers. A crítica certamente reconhecerá seu nome depois de Cheh, Hu e provavalmente até depois de Hou Hshiao-Hsien, mas o público não esquece: "A Espada Mágica" e "A Aranha Gigante do Kung Fu" devem estar entre os 5 maiores sucessos do cinema de artes marciais no resto do mundo. Aqui no Brasil, não há dúvidas de que Yuen era um campeão de bilheteria.

Era? Talvez ainda seja (e, aqui, me permitam uma digressão): como alguns sabem, moro numa cidade famosa por possuir uma feira enorme aos domingos, a qual possui uma parte pobre, de venda de quinquilharias, onde também se encontram, ainda nos atuais tempos de downloads e Netflix, vendedores de DVDs pirateados. No domingo retrasado fui a esta feira e estavam lá, na primeira fila dos DVDs, os bons e velhos clássicos de Chor Yuen. Numa outra ocasião, o vendedor me confidenciou, sem nem saber quem era o diretor: "Esse tipo de filme é o que mais vende! Dublado, da época!".

E este é um dos meus consolos: saber que, queiram ou não queiram os juízes, as peripécias do Espadachim Sentimental, os perigos da Cimitarra da Lua Cheia e a tragédia do Assassino da Corrente de Ferro continuarão, muito depois do falecimento de hoje, fervendo na boca do povo!

Que ele descanse em paz, junto aos seus colegas chineses que lutaram para provar que o "cinema de pancadaria" é muito mais do que muitos creem. E, claro, ao lado de Pierre Rissient, chinês de coração.


In Facebook, 21 fev. 2021

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Top 10 - Os melhores filmes de 2021

 





           Mais um ano pouco produtivo para o nosso blog se passa: poucos textos, poucas traduções e nosso cineclube fechado mais uma vez propiciaram este bem pequeno arquivo de postagens do ano de 2021. No entanto, nossa lista de melhores do ano não irá faltar. 

          Mais uma vez, como em 2020, incluí não somente os filmes estreados em circuito brasileiro (o que era nosso habitual até 2019), mas todos os filmes vistos que foram estreados neste ano, seja nos cinemas, por streaming, sinal de fumaça ou outros meios inabituais. Incluí também como no ano passado produções em capítulos (séries, minisséries, etc.), considerando como "melhores filmes do ano" as melhores produções artísticas cinematográficas de 2021, independentemente do formato.

          Posso dizer que vi praticamente todos os filmes que considero relevantes neste ano, exceto um: Petite Solange, de Axelle Ropert. Creio que seria uma provável presença na lista, mas não foi exibido em festivais no Brasil, provavelmente nunca estreará aqui em circuito comercial e tampouco fui capaz de encontrá-lo para download na internet. Fica então registrada a ressalva de que não incluí este último filme de Ropert simplesmente por não tê-lo visto.

          2021 foi um ano curioso, onde os bons autores do nosso cinema produziram filmes problemáticos. Leos Carax, Paul Verhoeven e Hong Sang-soo estrearam filmes que vão do inaceitável ao decepcionante. Mesmo assim, Sang-soo ainda foi capaz de criar o belo In the Front of Your Face. Ao contrário destes diretores, alguns novatos do cinema comercial fizeram ótimos filmes: Fukunaga e sua monumental elegia a James Bond, os criadores e diretores de Higehiro e Mare of Easttown que nos propiciaram seriados exemplares... Ainda, uma surpresa veio de gente antiga que parecia não nos surpreender mais: Spielberg, com o ótimo filme classicista que é a refilmagem de West Side Story. Completam a nossa lista dos melhores do ano algumas escolhas previsíveis: a inevitável presença de Clint Eastwood, o diretor que nunca erra; os aclamados dois filmes de Ryusuke Hamaguchi (diretor que já dá alguns sinais de desgaste, mas que ainda assim faz coisas boas); a esperadíssima animação de Mamoru Hosoda, Belle.

          Além das 10 produções que escolhemos no ranking, me lembro aqui de alguns filmes que vão do bom ao razoável (o que, para o cinema atual, já é muito), mas que não entraram para nosso elenco: Cliff Walkers, Raya and the Last Dragon, Stillwater, Luca, Train Again (boa descoberta experimental), Petite Maman, The Power of the Dog, One Shot, Azor, Ride or Die, Capitu e o Capítulo e Barb and Gare Go to Vista del Mar (bela estreia para o diretor Josh Greenbaum).

          Dadas estas explicações, e desejando a todos os nossos dois ou três leitores um ótimo ano cinematográfico de 2022, vamos aos nossos escolhidos:



1 - Sem Tempo Para Morrer, de Carry Joji Fukunaga

2 - Higehiro: After Being Rejected, I Shaved and Took in a High School Runaway, de Manabu Kamikita

3 - Belle, de Mamoru Hosoda

4 - Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg

5 - Mare of Easttown, de Gavin O'Connor

6 - Cry Macho, de Clint Eastwood 

7 - Tre Piani, de Nanni Moretti

8 - Drive My Car, de Ryusuke Hamaguchi

9 - In the Front of Your Face, de Hong Sang-soo

10 - Wheel of Fortune and Fantasy, de Ryusuke Hamaguchi

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Trader Horn (1931)





Existem alguns diretores, como Ford e Hitchcock, que fizeram um cinema irremediavelmente masculino. Dos problemas do homem. Em Ford este homem é bruto, mas ao mesmo tempo muito honrado, muito sensível. A encarnação, afinal, de John Wayne (muito mais do que de James Stewart ou de Henry Fonda: honrados, mas nada brutos). Em Hitchcock,  há um homem mais urbano, complexado, malicioso (ou às vezes muito santo) e carismático. 

Outros diretores seguiram esta peculiar tendência. Um elo perdido nesta genealogia é a filmografia de aventura do Major W. S. Van Dyke II (transcrevo assim porque ele adorava expor este nome enorme nos créditos iniciais dos filmes). 

No seu caso, há algo mais puro ainda do que em Ford, mais ancestral. Seus protagonistas aventureiros geralmente parecem emigrados das cavernas, mesmo quando são os mais letrados e civilizados. Não à toa a maior persona por ele posta em cena neste âmbito foi Tarzan, em 1932. Em Trader Horn (1931), no entanto, é que parece ter realizado o registro mais preciso da sua visão de masculino. 

No filme, dois white hunters, Horn, um velho aventureiro das savanas, e Peru, um jovem caçador, encontram numa tribo certa jovem branca, que ali fora criada para ser uma espécie de deusa. Daí iniciam uma jornada de resgate, comprando brigas com a selva, com animais e com os perigosos nativos. 

No filme há uma representação brutal dos caçadores. Vários animais são mortos em cena e a sangue frio pelos protagonistas, numa caçada quase real que dura mais ou menos um terço da projeção. Um nativo do local, Rencharo, braço direito de Horn, ajuda estes personagens no intento e curiosamente esta aliança introduz o espectador a um dado importante: ali não há exatamente menos ou mais civilizado, todos são vistos muito frontalmente e com igual dignidade. Sem quaisquer firulas. 

Posteriormente, algumas imagens esclarecerão a questão: as mulheres nativas seminuas, as cenas de imolação de corpos humanos, as canções gritadas e as plumas das vestes, tudo demonstra a beleza e o horror dos africanos. Enquanto isso, a precisão dos tiros proferidos pelos brancos contra os animais é testemunho do seu virtuosismo e da sua insensibilidade. 

Em dado momento, este signo de igualdade torna-se mais brutal: quando já fugidos com a deusa loura, os dois estrangeiros são confrontados pela perseguição de certos leões a uma presa comum. A filmagem dos animais, também bastante cruenta, é longa e contemplativa. Um elogio à força das bestas. Aí há mais uma igualdade, portanto: entre os seres humanos que matam e aqueles animais que dilaceram suas vítimas. O ponto em comum entre as três categorias de seres retratadas, africanos, brancos e animais, é o olhar de Van Dyke, que construiu ali seu bestiário. Para ele, enfim, o homem é uma besta. Muito interessante e bela na sua rudimentaridade, mas ainda assim violenta. 

O pessimismo do diretor, no entanto, não parece irremediável: há no filme duas relações de amor profundas, que apagam quaisquer traços de violência. 

A primeira delas é mais passageira, mesmo que contagiante, entre o jovem Peru e a moça resgatada. Os dois desejam a todo tempo fugir dos perigos e encontrar abrigo para seu amor e assim representam a fugacidade da juventude, mas, ao mesmo tempo, a esperança de um mundo para além da morte, para além da selva. 

A segunda forma, no entanto, é mais definitiva e está na amizade de Horn e Rencharo, o branco e o negro unidos indelevelmente pelo amor à aventura e àquele estranho mundo de perigos do qual não conseguiam se desvencilhar. 

Estas duas formas de amor, juntadas à bestialidade dos atos filmados ao longo da película, se condensam no emocionante final que nos dá uma lição definitiva: por mais que aqueles homens fossem brutos, todos eles não poderiam ser medidos por seus vícios, mas pelo tamanho do seu amor. O próprio narrar dos fatos pode comprovar: numa fuga belicosa contra inimigos, Rencharo se fere e morre nos braços de seu melhor amigo que, apesar de ser quem era, chora uma lágrima e parece não acreditar que perdeu seu único companheiro. O explorador se salva, assim como os dois jovens que, no fim, oferecem a ele que fujam todos os três para um lugar seguro. Horn responde que jamais iria, porque não gostaria de ter uma vida comum, ser casado e envelhecer; que permanecer eterno era estar ali frente ao perigo, ter uma vida inusual, mas descobrir rios por onde nenhum homem havia passado. Apesar de protestarem, os dois amantes pegam um barco para uma cidade próxima, enquanto, na margem, Horn acena para eles, um pouco triste por não compartilhar daquela mesma esperança. Mas volta os olhares para a savana e avista no céu a alma de Rencharo, como a lhe dizer para voltar ao seu ofício, a sua sina de sempre. Ele ensaia um sorriso, se junta a alguns nativos amigos e se embrenha na selva novamente. Fim. 

Não há como dizer que este sanguinário não fosse um grande homem. Assim como, anos depois, num outro filme de Van Dyke, Manhattan Melodrama, não seria possível dizer que o bandido interpretado por Clark Gable não fosse o homem mais honesto do mundo. Por isso, me parece mais correto dizer: o homem de Van Dyke não é somente bestial, mas é algo de tão originário que leva suas crenças até o limite. Não há boas maneiras que sejam remédio para suas decisões. E até por isso são algumas das maiores figuras que o cinema já viu.


In Facebook, 21/02/2021