sábado, 31 de dezembro de 2022

Os 10 melhores de 2022

 



    Último dia do ano, último prazo para ver os lançamentos de 2022 e poder fazer algum ranking para os filmes novos. Alguns não estiveram disponíveis a tempo de serem vistos (os novos da Mazuy e da Rita Azevedo Gomes e o promissor novo filme de Emmanuel Mouret). Do que consegui dar uma olhada nesse ano, considerei obras televisivas e para cinema, episódicas ou não. Pelo menos dois filmes foram surprendentes pela qualidade: Top Gun: Maverick e The Fabelmans. O documentário de Herzog sobre os amantes vulcanólogos já era anunciado como um dos grandes momentos do ano e cumpriu seu papel: nada menos que grande. Espero que gostem da seleção. 


  1. The Fire Within: A Requiem for Katia and Maurice Kraft, de Werner Herzog
  2. Top Gun: Maverick, de Joseph Kosinski
  3. The Fabelmans, de Steven Spielberg 
  4. Don Juan, de Serge Bozon
  5. Les Passagers de la Nuit, de Mikhaël Haers 
  6. Esterno Notte, de Marco Bellocchio
  7. My Dress-Up Darling, de Keisuke Shinohara
  8. Padre Pio, de Abel Ferrara
  9. EO, de Jerzy Skolimowski
  10. For 13 Days, I Trust Him, de Kiyoshi Kurosawa

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Os Melhores de 2019



Eis a minha lista de melhores filmes do circuito nacional de 2019. Antes do Natal, porém, virá a lista que importa, dos 100 melhores filmes da década.

Por ora, duas considerações: levei em conta também as estreias exclusivamente disponíveis em plataformas de streaming; não pude ver o novo filme do Kurosawa, que acredito ter a possibilidade de mudar este ranqueamento. Sem mais delongas, os filmes:


1 - Vidro, de M. Night Shyamalan

2 - A Mula, de Clint Eastwood

3 - Lady J, de Emmanuel Mouret

4 - WiFi Ralph - Quebrando a Internet, de Rich Moore e Phil Johnston

5 - Rambo - Até o Fim, de Adrian Grunberg

6 - John Wick 3 - Parabellum, de Chad Stahelski

7 - Toy Story 4, de Josh Cooley

8 - Dumbo, de Tim Burton

9 - Um Dia de Chuva em Nova York, de Woody Allen

10 - O Irlandês, de Martin Scorsese



In Facebook, 03/12/2019.

domingo, 4 de dezembro de 2022

Os Melhores de 2016

 Impulsionado pelas listas de melhores filmes do ano, resolvi fazer a minha também. Abaixo seguem, nessa ordem, observações que tratam direta ou indiretamente da lista e, depois, a lista em si. Não se preocupem, que pior do que o top da Cahiers não está:


 - Não vi alguns filmes que queria ver, mas que não sei se fariam diferença (leia-se: Paul Vecchiali e Kurosawa).

- Não coloquei o Sully porque só considerei filmes que estrearam no Brasil em 2016.

- É impressionante que o Whit Stillman, sendo um cineasta que tem quase toda a sua carreira composta por grandes filmes, permaneça tão esquecido por quase todos.

- Alguns filmes não são, a rigor, filmes desse ano: ou estreias um tanto atrasadas ou o filme-testamento do Manoel de Oliveira, o que continua corroborando a hipótese de que este ano, na verdade, não foi tão bom quanto se esperava. 

- Aliás (sobre o comentário anterior), toda esta década não é tão boa quanto se esperava. Na verdade, é muito ruim.

- Por fim, algumas observações em relação a outros filmes que vi e que não figuraram na lista: o filme do Tim Burton é melhor do que eu esperava e, mesmo assim, não é bom; o tal Bom Gigante do Spielberg é pior do que eu imaginava; a Disney/Pixar, que estreou umas 3 animações este ano,  parece que só faz (e em larga escala) os mesmos filmes (grosso modo, faz filmes inúteis).


1 - Elle, de Paul Verhoeven

2 - Sangue do Meu Sangue, de Marco Bellocchio

3 - Amor e Amizade, de Whit Stillman

4 - Café Society, de Woody Allen

5 - Certo Agora, Errado Antes, de Hong Sang-soo

6 - Os Campos Voltarão, de Ermano Olmi

7 - Visita, ou Memórias e Confissões, de Manoel de Oliveira  

8 - À Sombra das Mulheres, de Philippe Garrel

9 - O Cavalo de Turim, de Béla Tarr

10 - A Assassina, de Hou Hsiao-Hsien



In Facebook, 04/12/2016

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Chor Yuen - OBITUÁRIO





Um dos meus sonhos de vida era conhecer Chor Yuen. Ter dinheiro para pegar um avião, ir até Hong Kong, me hospedar lá e ter a sorte de conseguir uma audiência com o diretor. Se conseguisse, iria perguntá-lo sobre a sua obscura carreira antes da Shaw Brothers, quando se especializou na rodagem de melodramas; sobre como começou no mundo das artes marciais; iria perguntá-lo por que diabos os seus filmes parecem sempre nebulosos, tanto no sentido figurado (porque são cheios de mistérios), quanto no sentido literal (porque a "neblina" é um motivo recorrente em suas imagens).

Este sonho muito improvável se tornou, hoje, impossível, porque, como noticiado em alguns escassos sites, Chor Yuen faleceu nesta segunda-feira.

Nos últimos anos, Yuen andava muito modificado. Os jornais chineses noticiaram que sofria de demência senil, pelo avançar da idade, mas depois desmentiram tal afirmação. O fato incontestável é que o transcorrer dos anos era substancial para a nova face pública do diretor: nas suas raras aparições em eventos, se notava uma barba comprida e branca. A cabeça quase não tinha cabelos. Sua feição era mais séria que o habitual de um homem que chegou a ser um reconhecido ator cômico. Tornara-se, enfim, a encarnação de um sábio chinês.

Até por isso, Chor representava muito mais do que sua carreira. Era um símbolo vivo da sua geração e do legado da Shaw Brothers. Uma espécie de personagem emigrado dos seus próprios filmes de kung fu, vindo a público para rememorar a todos as lições milenares que só aquele ancião era capaz de transmitir.

A ele restou a obrigação de repassar esta memória: nem Chang Cheh, nem King Hu, nem os irmão Shaw ou Mona Fong sobreviveram tanto para contar essas histórias. E o destino, curiosamente, entregou este fardo a quem pudesse carregá-lo: Chor Yuen, desde sua juventude, estava acostumado, com o sucesso estrondoso de seus filmes, a ser o maior embaixador da Shaw Brothers. A crítica certamente reconhecerá seu nome depois de Cheh, Hu e provavalmente até depois de Hou Hshiao-Hsien, mas o público não esquece: "A Espada Mágica" e "A Aranha Gigante do Kung Fu" devem estar entre os 5 maiores sucessos do cinema de artes marciais no resto do mundo. Aqui no Brasil, não há dúvidas de que Yuen era um campeão de bilheteria.

Era? Talvez ainda seja (e, aqui, me permitam uma digressão): como alguns sabem, moro numa cidade famosa por possuir uma feira enorme aos domingos, a qual possui uma parte pobre, de venda de quinquilharias, onde também se encontram, ainda nos atuais tempos de downloads e Netflix, vendedores de DVDs pirateados. No domingo retrasado fui a esta feira e estavam lá, na primeira fila dos DVDs, os bons e velhos clássicos de Chor Yuen. Numa outra ocasião, o vendedor me confidenciou, sem nem saber quem era o diretor: "Esse tipo de filme é o que mais vende! Dublado, da época!".

E este é um dos meus consolos: saber que, queiram ou não queiram os juízes, as peripécias do Espadachim Sentimental, os perigos da Cimitarra da Lua Cheia e a tragédia do Assassino da Corrente de Ferro continuarão, muito depois do falecimento de hoje, fervendo na boca do povo!

Que ele descanse em paz, junto aos seus colegas chineses que lutaram para provar que o "cinema de pancadaria" é muito mais do que muitos creem. E, claro, ao lado de Pierre Rissient, chinês de coração.


In Facebook, 21 fev. 2021