sábado, 22 de abril de 2017

Links - Zhu Shi-Lin e Chor Yuen



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Cartaz de The Great Devotion (1960)



Essa é uma postagem que provavelmente interessa a poucos e acaba dispensando muitas apresentações: é uma lista, em constante desenvolvimento e, portanto, alterável no futuro, de links online para filmes raros de dois cineastas relativamente aclamados na China, mas esquecidos no Ocidente: Zhu Shi-Lin e Chor Yuen. O último é ainda lembrado por aqui pelos filmes que fez na Shaw Brothers, mas o primeiro é completamente desconhecido (e, sinceramente, não sei da qualidade da obra deste porque realmente não há nenhum filme dele, pelo menos ao que me consta, com legendas e disponível na internet).

Dois últimos recados:

1 - priorizei, no caso de Chor Yuen, os filmes que antecedem seu período na Shaw Brothers;

2 - ao que me consta, todos os filmes não têm legendas disponíveis, o que torna a lista um arquivo a ser guardado pra quando estas legendas estiverem disponíveis, ou para quando eu (ou quem estiver lendo este recado) aprender a falar Mandarim e/ou Cantonês.



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Zhu Shi-Lin


1.       National Customs (1935)




2.       Map of 100 Treasures (1953)




3.       They All Want a Baby (1956)




4.       Sweet as Honey (1959)




5.       Garden of Repose (1964)




6.       The Wedding Night (1956)




7.       Thunderstorm (1960)




8.       Return of the Prodigal Youth (1958)




9.       Full House (1955)




10.   Tung Hsiao Wan (1963)

https://www.youtube.com/watch?v=i2gnMPZhH0s



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 Chor Yuen



     1.       Ghost That Was Not (1961)



2.       Little Foursome Family (1966)




3.       The Black Rose (1965)




4.       True Love (1962)

                

5.       Love Has Many Faces (1965)

                       

6.       In My Dream Last Night (1963)

                       

7.       Grass by the Lake (1959)

                        

8.       Spy with My Face (1966)

                       

9.       Autumn Leaves (1960)

                       

10.   The Great Devotion (1960)




11.   Wise Wives and Foolish Husbands (1969)




12.   Tear-Laden Rose (1963)




13.   A Fatal Adventure (1966)




14.   A Blundering Wife (1964)




15.   Doomed Love (1965)




16.   Secret of a Husband (1965)





17.   A Time for Mourning (1962)




18.   Romance of a Teenage Girl (1967)




19.   Diary of a Chauvinistic Husband (1964)




20.   Rhapsody (1968)




21.   Running Tears (1966)




22.   The Whispering Palm (1957)




23.   Love is Disguise (1965)




24.   Diamond Robbery (1967)




25.   Purple Night (1968)





segunda-feira, 17 de abril de 2017

Raining in the Mountain, por Louis Skorecki




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Raining in the Mountain



LOUIS SKORECKI, 19 de JANEIRO de 2004 às 22:07

Cinécinéma auteur, 0h 40



Imagine um filme bastardo, inclassificável. Algo como Mizoguchi revisto por Leone. Não o Mizoguchi preto e branco (A Mulher Infame, A Rua da Vergonha), mas algo mais próximo do Mizoguchi colorido, que apreende seu distanciamento do passado: A Nova Saga do Clã Taira, A Imperatriz Yang Kwei Fei. É preciso audácia para reapropriar-se do lirismo desses dois filmes testamentos na forma de caligrafias barrocas. O resultado é surpreendente: como se Hong Kong tivesse inventado seu western-spaghetti, o Mizoguchi-spaghetti.

E é bom?

Em pequenas doses, sim.

E Raining in the Mountain é tão belo quanto A Touch of Zen?

Ele vem dois anos mais tarde, em 1979. A Touch of Zen dura três horas, é mais excessivo, mais poético. O fracasso do filme quase arruinou a carreira de King Hu. Raining in the Mountain é mais modesto, mais engraçado. Serge Daney adorou e disse (Libération de 1º de agosto de 1986) que ele o fizera “arqui-jubilante”. Estou completamente de acordo. Quanto mais Daney é lacônico, mais ele é preciso.

Você quer dizer que os textos longos dele são menos bons?

Quando ele se alonga, é menos impactante.

Você também.

Entendi, vou ser curto e grosso: King Hu é um artista burguês da China comunista. Entendeu?

Não.

Ele vem de uma família tradicional de Pequim. Ele só foi para Hong Kong em 1949, com 18 anos. É um autor completo, ator, montador, diretor de arte, produtor, diretor. Como um bom paranoico, o que ele gosta é de complôs. Ele quer saber, aqui, o que acontecerá com o grande mestre do monastério.

E ele? É um grande mestre?

Não.

- E para o Rissient?

- Para o Rissient, talvez.



Louis SKORECKI




Tradução: Yuri Ramos
Publicado originalmente em: http://www.liberation.fr/medias/2004/01/19/raining-in-the-mountain_465753 

The Assignment (2016)








The Assigniment (2016)




Interessante, apesar de um pouco perdido, este novo trabalho de Walter Hill, que, há quatro anos, fez um filme digno de nota, protagonizado pelo sempre querido Sylvester Stallone e chamado “Alvo Duplo”.

Esta sua recém-chegada obra se chama “The Assignment” (e se já tem título traduzido em português, me perdoem, mas ignoro), uma espécie de filme noir onde a femme fatale é tão fatale que não é femme, é homme (quem vir o filme entenderá). E, como é comum aos filmes do gênero, é permeado por flashbacks, histórias policiais e de traição, mas tudo retratado numa lógica que remonta às histórias em quadrinhos.

Se estes são os principais trunfos do filme, aquilo que mais nos desperta algum interesse (acrescidos às tiradas incomuns contidas nas frases de Sigourney Weaver), também são, provavelmente, causas de um certo tumulto que enfraquece a obra num panorama mais geral: há elementos não muito bem amarrados, uma estética um tanto grotesca (principalmente na retratação masculina da/do protagonista, mas isso nem incomoda tanto) e a direção dos atores me parece um tanto caricaturalizante. 

Mas, no fim das contas, não é um mau filme. Os descompassos não são suficientes para provocar qualquer irritação ou apagar o interesse suscitado por este “objeto estranho” que é a história do filme e aquilo que ele nos apresenta.


Em suma: num cenário tão desinteressante quanto o que se encontra o cinema atualmente (as estreias deste ano aqui no Brasil, por exemplo, me parecem sem nenhuma expressão), vale a pena, nem que seja pela curiosidade, o tal “Assignment” de Walter Hill.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

As Aventuras de Hajji Baba (1954)






As Aventuras de Hajji Baba (1954)




É uma profusão contínua de acontecimentos e, por isso, não poderia chamar-se menos que um filme de aventura. No caso, As Aventuras de Hajji Baba.

Um filme com uma imensa força juvenil, força de paixão: uma jovem princesa que se faz plebeia para cumprir mais um de seus inúmeros caprichos; um jovem barbeiro e plebeu que tem ambições de se fazer príncipe. E, é claro, o destino, co-protagonista, que une e modela o caminho dos dois no enfrentamento das intempéries do mundo.

Ambos, se caminham, têm seus motivos diversos, mas ambos caminham por paixão e sem medo: a princesa, em prol de encontrar o homem que escolheu para desposá-la; o barbeiro, em direção aos sonhos de riqueza e majestade. Mas tudo parece (a realidade e o destino parecem) digladiar-se a todo tempo contra os dois, nos seus sonhos juvenis que, por um bem-vindo acaso, se cruzaram. É um filme onde nada permanece parado (como disse antes: uma profusão contínua de acontecimentos): quando pensamos que um problema foi solucionado, nada se resolveu, ou quando uma aventura realmente termina, logo surge outra. É neste ponto que a própria estrutura lógica do filme se funde e, mais propriamente, materializa os próprios sentimentos de seus protagonistas: a ebulição de paixões, a busca contínua pela superação de obstáculos e, portanto, o enfrentamento contínuo dos percalços do mundo (o que é, sem dúvidas, o meio pelo qual alcança-se a maturidade), tudo isto nos é apresentado num filme de uma decupagem espantosamente ágil e por meio de histórias sempre cativantes. E se tudo isto não bastasse, é também espantoso que um filme sobre as tantas duras penas do amadurecimento seja, no entanto, um filme absurdamente leve e muitas vezes bem-humorado, sem que se desvie um milímetro de toda a nobreza daquilo que vêm nos ensinar.

Por essas e por outras razões, As Aventuras de Hajji Baba não é, senão, um filme jovem, tanto na sua utilização dos artifícios cinematográficos, como nos sentimentos de seus protagonistas. Mas é também um filme sobre a fé e sobre a graça: a fé daqueles que caminham indomáveis em busca de seus sonhos; a graça que faz, ao toque divino, o destino conduzir a todos nos seus caminhos, mesmo que, algumas vezes, isto seja um pouco amargo.

Por ser um filme de batalhas e de enfrentamentos, é também um filme de guerra e de paz: da guerra da inconstância adolescente do eu consigo mesmo, da guerra dos sexos, em que os belicismos surgem da imaturidade em não conhecer o mistério que há no outro; da paz, porque só se encontra o repouso da batalha vencida, a batalha em prol da maturidade, quando nos conhecemos a nós e aos outros, depois de tanto nos termos desnudado diante do mundo e dos seus flagelos. E é a partir daí que abre-se a porta para um sentimento nobilíssimo, que só surge verdadeiramente entre o homem e a mulher depois de tudo isto: o amor, que é também uma forma de paz, onde repousam as nossas aventuras todas e onde terminam as de Hajji Baba que, no fundo, são as aventuras de todos nós.