segunda-feira, 17 de abril de 2017

Raining in the Mountain, por Louis Skorecki




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Raining in the Mountain



LOUIS SKORECKI, 19 de JANEIRO de 2004 às 22:07

Cinécinéma auteur, 0h 40



Imagine um filme bastardo, inclassificável. Algo como Mizoguchi revisto por Leone. Não o Mizoguchi preto e branco (A Mulher Infame, A Rua da Vergonha), mas algo mais próximo do Mizoguchi colorido, que apreende seu distanciamento do passado: A Nova Saga do Clã Taira, A Imperatriz Yang Kwei Fei. É preciso audácia para reapropriar-se do lirismo desses dois filmes testamentos na forma de caligrafias barrocas. O resultado é surpreendente: como se Hong Kong tivesse inventado seu western-spaghetti, o Mizoguchi-spaghetti.

E é bom?

Em pequenas doses, sim.

E Raining in the Mountain é tão belo quanto A Touch of Zen?

Ele vem dois anos mais tarde, em 1979. A Touch of Zen dura três horas, é mais excessivo, mais poético. O fracasso do filme quase arruinou a carreira de King Hu. Raining in the Mountain é mais modesto, mais engraçado. Serge Daney adorou e disse (Libération de 1º de agosto de 1986) que ele o fizera “arqui-jubilante”. Estou completamente de acordo. Quanto mais Daney é lacônico, mais ele é preciso.

Você quer dizer que os textos longos dele são menos bons?

Quando ele se alonga, é menos impactante.

Você também.

Entendi, vou ser curto e grosso: King Hu é um artista burguês da China comunista. Entendeu?

Não.

Ele vem de uma família tradicional de Pequim. Ele só foi para Hong Kong em 1949, com 18 anos. É um autor completo, ator, montador, diretor de arte, produtor, diretor. Como um bom paranoico, o que ele gosta é de complôs. Ele quer saber, aqui, o que acontecerá com o grande mestre do monastério.

E ele? É um grande mestre?

Não.

- E para o Rissient?

- Para o Rissient, talvez.



Louis SKORECKI




Tradução: Yuri Ramos
Publicado originalmente em: http://www.liberation.fr/medias/2004/01/19/raining-in-the-mountain_465753 

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