domingo, 9 de junho de 2019

Meu Amigo Jean-Claude Brisseau, por Louis Skorecki


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          Sou amigo de Jean-Claude Brisseau há mais de quarenta anos. Eu o conheço e o amo. Eu lhe confiaria minha vida, se necessário. Mas como ainda tenho um pouco de amor pelo cinema, tenho que dizer diante do mundo incrédulo que BRISSEAU era o último lampejo do cinema francês.
Seu nome estava sujo por jornalistas incapazes de fazer uma investigação (no LIBÉRATION, quando eu ainda estava lá, um jornalista preferiu acusá-lo das piores sujeiras sem qualquer prova, e sem querer mesmo ouvir a mim, num testemunho de em primeira mão, preferindo manchar esse inocente com todos os crimes). Se há um homem desnudado diante do eterno, é Jean-Claude Brisseau, o único indivíduo que eu conheci totalmente incapaz da menor mentira.

          Quando se trata de sujar o nome de alguém, sempre usamos palavras grandes como "deontologia" e este jornalista não queria ouvir o que eu sabia sobre Jean-Claude, para “permanecer imparcial” no seu assassinato da midiático.

          Ser condenado por atrizes inescrupulosas e inconstantes (que teriam vendido sua virgindade por três tostões a um Kechiche) gerou uma mágoa profunda em BRISSEAU e, embora ele estivesse certo de que sua apelação resultaria, preferiu se resignar.

          Como em Fritz Lang ou em seu mestre Alfred Hitchcock, ele resolveu ser o WRONG MAN, o FALSE GUILTY.

          Para além de Luc Moullet, Jean-Claude Brisseau era o único cineasta na França ainda capaz de um pequeno gênio. Existem cineastas de talento, mas de gênio, não, absolutamente. Neste momento em que ocorre a sinistra feira de comércio de Cannes, os milagres profanos de Brisseau, único herdeiro convincente e avassalador do grande Luis Buñuel, nos fazem falta e nos farão por muito tempo. Durante todas as nossas vidas sentiremos a falta deles, desses anjos exterminadores e de suas rondas obsessivas e sexuais, longe das falsas deflorações de um cinema violado à exaustão.

         Jean-Claude, onde quer que você esteja, eu lhe mando um beijo.

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