terça-feira, 21 de agosto de 2018

Perfil do Cineasta - Richard Quine


        

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          Foi o grande mestre das comédias na Columbia dos anos 50, capaz, como todos aqueles que abandonaram o gênero, do melhor (o sublime Bell, Book and Candle, cativante história de bruxaria) e do pior (em Full of Life, Judy Holliday, embora muito dinâmica, deve ser sustentada, em virtude de sua gravidez, história que deu origem a cenas de uma vulgaridade indigna de Quine). Filho de ator e, ele próprio, ator por um bom tempo (Dames, Babes on Broadway, Words and Music, No Sad Songs For Me ...), ele tem o senso do ritmo (All Ashore, My Sister Eileen) e da elegância. É esta elegância que caracteriza suas comédias feitas pela Warner (Sex and the Single Girl e, especialmente, How to Murder Your Wife, onde um autor de quadrinhos quer, antes de lhes contar as aventuras de seu herói, vivê-las). É possível, até mesmo, que o burlesco que caracteriza alguns de seus filmes da Columbia (notavelmente All Ashore) venha de Blake Edwards, que escreveu os roteiros. Quine está mais satisfeito em sua busca por efeitos cômicos. Curiosamente, fez uma incursão no thriller com o excelente Pushover, inesperada ruptura de tom em seu trabalho.


(Jean Tulard, em Dictionnaire du Cinéma – Les Réalisateurs – 1895 – 1995; Paris: Éditions Robert Laffont, S.A.; 1995; p. 685-686; tradução: Yuri Ramos)




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Um prolífico diretor de mais de trinta filmes realizados em Hollywood entre 1948 e 1979, a carreira de Richard Quine (1920-1989) alcançou um auge sustentado durante as décadas de 1950 e 1960, enquanto trabalhava na Columbia Pictures. Um especialista na comédia que foi fundamental no lançamento das carreiras de Kim Novak, Lemmon Jack e Blake Edwards, Quine tem sido ofuscado pelos grandes diretores deste gênero: Billy Wilder, Frank Tashlin e o próprio Edwards. Só recentemente foi considerado um cineasta de igual nível, um artista capaz de infundir à comédia e ao melodrama de estúdio um calor e uma melancolia inesperados.

Nascido em Detroit em 1920, Quine já estava atuando em Hollywood e na Broadway em meados da década de 1930. Depois de servir na Guarda Costeira durante a Segunda Guerra Mundial, ele se tornou diretor e rapidamente conseguiu ingressar na Columbia, onde começou filmando curtas de comédia antes de se voltar para uma série de musicais. Durante a década de 1950, Quine realizou grandes sucessos, como The Cadillac Gold Solid (1956) e Bell, Book and Candle (1959), com um êxito comercial que continuou até os anos 1960, depois que Quine deixou a Columbia.

Quine talvez seja melhor compreendido entre dois outros célebres diretores da comédia dos anos 50: Billy Wilder e Frank Tashlin. Mais discreto que Tashlin, substitui a energia maníaca deste por um charme discreto. Embora Quine compartilhe vários atores favoritos com Wilder, mais notavelmente Jack Lemmon, e muitas vezes ecoe seu impressionante realismo visual, seus filmes são menos ácidos. Enquanto os filmes de Wilder apresentam uma crítica mordaz e preconceituosa da América do pós-guerra, o trabalho de Quine examina cuidadosamente a parte inferior e melancólica da vida americana, o mundo à deriva da chamada "multidão solitária".

Essa combinação única de charme e melancolia, com ênfase no coração solitário da sociedade americana, atinge um ápice com Strangers When We Meet (1960), um melodrama suburbano de adultério, notavelmente contido para os padrões da antiga Hollywood. Embora as comédias posteriores de Quine se tornem mais maníacas e cínicas, seus maiores trabalhos nos anos 1950 e 1960 - foco desta mostra - revela o talento de um contador de histórias maduro e de um estilista contido.


(Texto de abertura da mostra “9 x Quine”, realizada pelo Harvard Film Archive, disponível no site da instituição; tradução: Yuri Ramos)

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